segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Estágios da morte: negação, aceitação e ressurreição (?)

Matar alguém com o pensamento é sofrer pela ausência dela.

Eu nego a ausência da persona. Nego que ela existiu em minha vida, nego o sofrimento e sofro pela negação. Mas escondida procuro por lembranças, um souvenir, um email, uma foto e alguns fios de cabelo no banheiro. Até na rua busco por referências: um carro, uma loja de roupas e um restaurante.

Eu aceito a ausência da persona. Aceito que ela se foi. Lembro dos bons momentos, já consigo pronunciar seu nome e usar aquele presente que foi me dado - mas o apego emocional já se foi. Não quero mais pensar, quero viver a minha vida. A porta está aberta. Tá tudo bem, né? Se foi, né? É, o falecido.

A vida tenderia a seguir bem se não fosse a maldita ressurreição da persona. Um belo dia, você linda, feliz e de vida nova se depara com um email / mensagem de chat / sms / wall post "Oi linda, tudo bom? Estou com saudades, quero te ver". E como reagir? O ódio contamina a mente, seu olho lacrimeja, sua mão treme, o ar lhe falta, a boca fica seca. É como se deparar com um zumbi. Imagina um zumbi, aquela coisa nojenta que você acreditava estar morta e enterrada, mas que na verdade está cambaleando na sua frente babando gosma verde. Não sei reagir ainda. O último que renasceu eu tolerei por alguns poucos meses e depois matei (ou fui morta, mas é outra história).

Matar alguém com o pensamento é esperar pela ressurreição dela.

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